Saturday, July 07, 2007

post resgatado do antigo condado

A fila

Rostos entediados, rostos descartáveis. Olho para um lado, um bocejo, no outro lado, alguém tosse. Vou perder uma hora da minha vida nessa fila cercado de um monte de gente obtusa. A mocinha ali na frente foi mais esperta que eu, ela trouxe um livro. Puts... Um livro agora me salvaria. Na última vez que vim aqui eu trouxe um, mas não estava muito cheio. Hoje, que não há mais onde se apertar, não trouxe nada. É a velha lei de Murphy!

Opa, andou um pouco. Agora estou lado a lado com o rapaz que parece ser evangélico. Ele também não foi bobo e trouxe um walkman. Que desperdício, deve estar ouvindo aqueles louvores enjoados. Olho para o guardinha. Ele tem uma arma e está de costas para mim. Me esgueiro pelas pessoas e rapidamente arrranco-lhe o revólver. Um tiro no gerente, outro na mulher que furou a fila, um no cara que tem um monte de contas no malote. As outras duas balas eu gasto na fuga. O que seria de nós sem o superego?

“A fila andou!” Avisa alguém atrás de mim. Na minha frente há um espaço vazio. Dou dois passos e pronto, para a satisfação dos impacientes, estamos mais perto do caixa. Olho para uma senhora que está me encarando. O que será que ela está pensando? Seria legal ler seus pensamentos, descobrir as suas senhas. O que eles pensam sobre mim? Se bem que depois que conheci o Postulado Dionístico, não ligo mais para o que os outros pensam a meu respeito.

Homi rapaz, que piteuzinho! Passou a estagiária. Faço logo a minha avaliação. Ela ganha uma nota seis e o isolamento deve ser tipo 1 ou tipo s – não posso inferir sobre a classificação psicossocial pois não a conheço fora daqui. Há...finalmente estou chegando. Até que essa hora passou rápido. Mas eu bem que poderia ter passado o meu tempo pensando em algo útil, como uma crônica, um conto...